sexta-feira, outubro 13, 2006

Fernando Pessoa (1888-1935)

Cada Qual Tem O Seu Alcool

Cada qual tem o seu alcool.
Tenho alcool bastante em existir.
Bebado de me sentir, vagueio e ando certo.
Se são horas, recolho ao escritorio como qualquer outro.
Se não são horas, vou até ao rio fitar o rio,
Como qualquer outro. Sou igual.
E por tras de isso, céu meu,
Constelo-me às escondidas e tenho o meu infinito.
Bernardo Soares